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Professor de Chaves ganha prémio mundial com experiências à distância

Jorge Teixeira é professor de Física e Química e conquistou o Global Teacher Award 2020. É o primeiro português a alcançar o prémio. Um projeto com calculadoras gráficas e micro:bits, em tempos de pandemia, trouxe-lhe este reconhecimento internacional de uma iniciativa que distingue a excelência e inovação no ensino.

Há 14 anos, criou o Clube do Ensino Experimental das Ciências (CEEC), um clube informal dedicado à experimentação, a funcionar fora da componente e horário letivos, de participação voluntária, que articulava com o ensino formal na Secundária Fernão Magalhães, em Chaves. Quando mudou para a Escola Dr. Júlio Martins, em Chaves, onde agora é professor, aplicou a mesma ideia, abriu um CEEC para debater ideias, fazer experiências, usar e testar o que se aprende nas aulas. E nunca mais parou.

Jorge Teixeira é professor de Física e Química, tem 51 anos, e é o primeiro português a ganhar o Global Teacher Award 2020, concurso mundial, com sede na Índia, que premeia a excelência e inovação no ensino, e contributos para a construção da sociedade. Não é a primeira vez que o seu trabalho com os alunos extravasa as paredes da escola e atravessa fronteiras nacionais e internacionais. Em 2018, foi considerado o melhor professor português no Global Teacher Prize. No ano seguinte, em 2019, ficou na lista dos 50 melhores professores do mundo no Global Teacher Prize Internacional.

No CEEC da Escola Dr. Júlio Martins, Jorge Teixeira coordena e orienta várias experiências, carrinhos elétricos e solares, um drone aquático, um barco controlado remotamente que recolhe água de qualquer parte do rio. Os alunos usam conhecimentos, testam hipóteses, resolvem problemas, afinam respostas, constroem protótipos com uma missão. O professor acedeu à plataforma do prémio internacional, preencheu os campos, foi nomeado pelo diretor do agrupamento. No final de março deste ano, estava na shortlist do prémio que todos os anos distingue professores que se envolvem em programas educacionais, que se destacam pela eficácia do ensino.

O professor tinha de apresentar um projeto e desafiou alunos do 10.º ano a apresentarem algo novo, que nunca tivessem feito. Dito e feito. E assim surgiu o projeto “Trabalho prático de ciência e tecnologia na era Covid-19” que implementou à distância com calculadoras gráficas e micro:bit, uma espécie de placa, um processador pequeno com vários sensores. “Mesmo durante as férias estivemos a trabalhar neste projeto à distância”, recorda. Mesmo no fim de semana da Páscoa, houve trabalhos e contactos entre alunos. Antes de avançar, certificou-se que todos tinham o material necessário e um meio de comunicação disponível.

Músicas, trovoadas, frigoríficos, simulações

Os alunos arregaçaram as mangas, alguns estudam música, vários frequentaram o ensino articulado, e com programação criaram músicas curiosas inspiradas no Star Wars, nos Simpsons, nos parabéns a você, entre outras melodias. Tudo feito através de programação. Como estavam em casa, arranjaram maneira de haver música sempre que a porta do frigorífico fosse aberta, com cálculos da frequência com que o eletrodoméstico era usado. Fizeram simulações do Euromilhões, mediram a distância de trovoadas, analisaram o movimento de uma bola lançada do segundo andar da escola e a sua velocidade a dois metros do chão.

Os alunos aplicaram leis da Física e outros conhecimentos das aulas nas experiências que foram fazendo durante o tempo que vigorou o ensino à distância. O projeto reuniu várias componentes: programação, robótica, conteúdos disciplinares associados aos interesses dos alunos. O que parece óbvio, por vezes, pode não o ser: “Às vezes, os resultados são extraordinários. Como é que uma vela se apaga com muito oxigénio? Isto é ciência e é isto que atrai os alunos”, refere o professor premiado que vê na distinção um estímulo para continuar e um reconhecimento dos seus pares.

Jorge Teixeira é professor desde 1993, há 27 anos que dá aulas. Licenciou-se em Engenharia Física na Universidade de Coimbra. “Sempre tive a ideia de ser professor”. “Ser professor é a minha vocação, tinha gosto por construir coisas”, garante. Começou por dar aulas na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, onde ficou três anos. Percebeu que não queria ser professor universitário, queria dar aulas no Secundário. Voltou à universidade, tirou o curso de Física, andou por escolas da região de Chaves. Ontem como hoje continua a privilegiar o ensino experimental, o mexer para aprender, o entusiasmo perante a descoberta, a interpretação dos fenómenos, o ajudar a pensar. Seja no CEEC, seja nas aulas.

Sara R. Oliveira

Artigo originalmente publicado no Educare.pt

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