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Falta de professores, um problema à escala mundial

Em abril deste ano, a Unesco alertava os governos para a crise global de falta de professores. Esta agência para a educação das Nações Unidas aponta que são precisos 69 milhões de professores no mundo.

Sem professores qualificados não será possível atingir a meta de um ensino básico universal até 2030. A escassez atinge todos os níveis de escolaridade. Faltam 24,4 milhões de professores no ensino primário (equivalente ao 1.º e 2.º ciclo, em Portugal). Mas quase o dobro, cerca de 44,4 milhões, no 3.º ciclo e ensino secundário. Mundialmente, as principais causas de desgaste da profissão estão identificadas: condições de trabalho pouco atrativas, financiamento inadequado do ensino e falta de formação.

Na Europa, os relatórios do Eurydice, que monitorizam a falta de professores entre os 27 Estados-membros da União Europeia, explicam a crise também com fatores ligados à progressão na carreira, avaliação docente, mobilidade e bem-estar. As recentes greves de professores em Portugal, Espanha, Inglaterra, País de Gales, Escócia e Estados Unidos, mostraram o descontentamento da classe.

Cada vez são menos os jovens que escolhem o ensino como carreira. Este é outro fator que está a contribuir para a escassez mundial de professores. A crise vocacional é visível na descida do número de estudantes inscritos em cursos superiores que formam professores e educadores. Em Portugal, no ano letivo de 2021-2022, apenas 5,2% do total de 428.419 inscritos no ensino superior frequentavam cursos de formação inicial na área da educação, segundo dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência.

O desinteresse dos jovens pela docência é acentuado por salários não competitivos, ressaltam as estatísticas da Unesco. Seis em cada 10 países pagam menos aos professores do ensino primário do que a outros profissionais com qualificações semelhantes. O critério é mais evidente nos países de alto rendimento: em cinco de cada seis países que fazem parte deste grupo, os professores primários saem a perder em termos salariais face a outros licenciados.

Quer ao nível mundial, como nacional ou regional, a demografia desempenha um papel na escassez de professores. Por um lado, o aumento da população em idade escolar, nos países em desenvolvimento, tem exigido um maior número de professores. A maior escassez de professores verifica-se na África subsariana, onde se encontram algumas das salas de aula mais sobrelotadas do mundo. Por outro lado, o envelhecimento da classe docente e as elevadas taxas de aposentação reduzem a oferta de profissionais qualificados.

Aposentações em massa

Portugal, Alemanha, Suécia e Itália são identificados pela Unesco como sendo dos países europeus mais afetados pelas aposentações em massa. Até 2030, o sistema educativo português poderá ver passar à reforma 57,8% dos professores e educadores do quadro. No final de 2023, são esperadas 3.500 aposentações. A confirmar-se, este total será dos mais elevados desde 2013, altura em que se reformaram 4.628 docentes.

Dados do último “Estudo de diagnóstico de necessidades docentes de 2021 a 2030”, realizado para a Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, revelam que as escolas vão ter de recrutar cerca de 34,5 mil novos docentes até 2030-2031. As notícias de alunos sem aulas, por falta de professores, fizeram e vão continuar a fazer a atualidade do próximo mês de setembro.

No ano letivo 2022-2023 cerca de 4 mil lugares nas escolas francesas ficavam por preencher em setembro. De acordo com o Le Monde, o cenário não era tão mau quando comparado com o de outros países europeus. Na Alemanha, citava o jornal francês, as aulas arrancavam em agosto com 4.400 vagas por preencher na Renânia do Norte-Vestfália, o estado alemão mais populoso, 875 em Berlim e 200 em Schleswig-Holstein.

Ainda assim, as previsões apontam para que cerca de metade dos professores em França se aposente nos próximos dez anos. Na prática, isto representa uma perda de 300 mil docentes. O que forçará o sistema educativo a recrutar cerca de 40 mil novos docentes por ano. Para compensar tanto as saídas, como o aumento da população escolar.

Na Suécia, a agência de educação Skolverket diz que vai ser necessário formar 153 mil professores até 2035. Para compensar as aposentações, mas também as mudanças de carreira de quem abandona a profissão. No sistema educativo italiano, 150 mil lugares em escolas são agora preenchidos por professores contratados.

A crise da falta de professores sente-se ainda do outro lado do Atlântico. As previsões apontam que um terço dos professores norte-americanos poderá aposentar-se nos próximos cinco anos. A fração representa uma perda de um milhão de docentes. Para reduzir o défice de professores nos EUA será necessário recrutar cerca de 300 mil novos docentes por ano.


ANDREIA LOBO
É jornalista especializada em educação desde 2007, e nos últimos anos tem colaborado na produção de conteúdos do EDULOG, o think tank para a educação da Fundação Belmiro de Azevedo. Integrou projetos de investigação e divulgação científica nas áreas da educação para os media e da aprendizagem da leitura e da escrita. Antes, trabalhou em meios de comunicação social como o jornal A Página da Educação e o portal EDUCARE.PT.

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