Login

Comprar

Para alunos e pais

Para professores

Para instituições

Outros produtos, serviços e funcionalidades

Blogue EV e Webinars

Ajuda

Partilhar ou não partilhar fotos dos filhos nas redes sociais?

A Internet pode ser usada de forma inspiradora ou destruidora. A PSP alerta os pais para a publicação de fotos dos filhos nas redes sociais. Há riscos nessas partilhas. A exposição traz perigos. É necessário refletir antes de mostrar imagens ao mundo.

Há alguns anos, a PSP lançava uma campanha de alerta e sensibilização na sua página do Facebook. “Será mesmo necessário publicar fotos com as caras das suas crianças de forma ostensiva? Proteja-se e pense duas vezes antes de postar uma imagem nas redes sociais.” Era esta a chamada de atenção. A PSP usava propositadamente uma rede social para avisar os pais dos perigos dessa ferramenta digital. Em português e em inglês. “Não publique caras de crianças. Não mencione nomes e locais. Não arrisque aqui. A decisão é sua. A melhor forma de o proteger é evitar que apareça aqui para sempre.” Os recados estavam dados.

A campanha das autoridades policiais surgiu dias depois de ser conhecida a decisão do Tribunal da Relação de Évora que proibia um ex-casal de publicar uma foto da filha de 12 anos nas redes sociais. O caso foi parar ao tribunal no âmbito de um processo de regulação de responsabilidades parentais. “Os filhos não são coisas ou objetos pertencentes aos pais”, referiam os juízes na decisão judicial.

Partilhar com peso e medida, com sensibilidade e bom senso e com uma série de recomendações de segurança na cabeça. É preciso conhecer os riscos. E os perigos são vários. Tito de Morais, fundador de MiudosSegurosNa.Net, tece várias considerações sobre o assunto e alerta para diversos fatores que não podem passar despercebidos. Desde logo, essas partilhas implicam a criação de uma pegada digital que é controlada por terceiros e que é difícil de alterar. E uma vez na net, para sempre na net, o que pode ter um impacto negativo, sobretudo na pré-adolescência e adolescência, mas também na vida adulta.

As fotos podem ser manipuladas. “As imagens podem ser alvo de ‘clonagem digital’ e usadas por terceiros como se dos filhos deles se tratassem, satisfazendo fantasias de pessoas com problemas emocionais ou de saúde mental ou até visando ser usadas em esquemas fraudulentos de obtenção de donativos, etc.”, refere o especialista. “As imagens podem ser adicionadas a redes ou grupos integrados por pedófilos e predadores sexuais que olham para elas não com carinho ou ternura, mas como objeto de desejo sexual, de troca e até de comércio entre eles”, acrescenta Tito de Morais.

Os dados podem ser descontextualizados, as imagens podem ser usadas para humilhar ou ofender as crianças e os seus pais e familiares. As localizações podem colocar em risco ou potenciar contactos presenciais indesejáveis. Pensar antes de publicar é o primeiro passo. “A sua ponderação e utilização de abordagens regulamentares, educacionais, parentais e tecnológicas podem contribuir para que a utilização da Internet seja feita de uma forma ética, responsável e segura”, comenta.

Refletir. Refletir. Refletir.

Que cuidados ter nessas partilhas? Pensar, refletir. Vale mesmo a pena publicar? Acrescentam alguma coisa? E onde publicar? Pensar, refletir, mais uma vez. Se a decisão é publicar, é necessário remover todos os metadados. “As máquinas fotográficas (incluindo as dos telemóveis) acrescentam a mais diversa informação às fotografias, que geralmente não é vista pelos utilizadores, mas está contida nos ficheiros das imagens e é acessível a terceiros. Essas informações podem incluir dados de geolocalização onde as fotos são tiradas. Antes de publicar essas fotos, convém eliminar essa informação.”

Evitar publicações públicas, que todas as pessoas possam ver. Este mundo tem muitas possibilidades, muitos caminhos, muitos perigos. “Há plataformas de blogues e plataformas de partilha de fotos e vídeos que permitem o acesso a publicações apenas mediante password (mas convém pensar que estas podem ser partilhadas). Numa rede social posso publicar apenas para amigos (mas quer que todos os amigos vejam?)”.

No Facebook, é possível excluir pessoas para que não vejam uma determinada publicação, deixando que outras vejam. Também no Facebook, é possível criar um grupo secreto para publicar fotos de família, mas é preciso ser criterioso com quem se convida. E é sempre possível criar uma rede social fechada de cariz familiar numa plataforma como o Ning, em que só tem acesso a essa rede quem se quer.

A erosão do público e privado

Nada é verdadeiramente proibido na Internet, mas há fotos que não são mesmo para publicar, já que existe sempre o risco de fugirem ao controlo. “São disso exemplo fotos de crianças nuas, com dados de geolocalização, com uniformes ou outros indicadores que as coloquem em locais físicos que habitualmente frequentam, em alta resolução, de outras crianças que não as suas (a menos que tenha autorização expressa dos respetivos pais) e fotos que possam embaraçar a criança no futuro”, refere.

Tito de Morais dá mais conselhos sobre as fotos a evitar publicar na Internet em geral e nas redes sociais em particular. Fotos de crianças nuas, seja no banho seja na praia. “Infelizmente há quem olhe para essas fotos inocentes como um objeto de desejo.” Fotos de outras crianças sem autorização. “Se há pais que não se importam, outros são zelosos da privacidade dos seus filhos. Temos de respeitar uns e outros.” Fotos que associem uma criança a uma escola, a um ATL, a espaços que habitualmente frequenta. Fotos com o nome completo da criança, etiquetas de mochilas, pautas da escola. Fotos que as crianças não queiram que sejam publicadas. Fotos de hoje poderão ser embaraçosas no futuro. “A criança no pote é um clássico.”

O especialista está habituado a abordar o assunto e a dar conselhos nesta área. Ficam algumas sugestões. Pesquisar. “Tudo o que publicamos ou publicam sobre nós na Internet é muito fácil de procurar e encontrar.” Replicar. “Tudo o que publicamos ou publicam sobre nós na Internet é muito mais fácil de copiar, duplicar, replicar.” E pode chegar a um número maior de pessoas do que se poderia imaginar, às chamadas audiências invisíveis. Há ainda o risco de descontextualização, de uma imagem ou um texto adquirirem significados completamente diferentes dos inicialmente pensados.

Contextos colapsados. “Contrariamente ao que acontece nas redes sociais tradicionais, em que o que dizemos e fazemos é condicionado pelos contextos em que estamos (os locais, as pessoas e as circunstâncias condicionam o nosso comportamento), nas redes sociais, esses contextos tendem a esbater-se e a deixar de existir.” A erosão do que é público e do que é privado está sempre presente. A realidade que é mostrada é parcelar, os juízos de valor assentam em pedaços da realidade exibida, e clicar em “Gosto” ou “Partilhar” é demasiado imediato, sem tempo para maturar o que se vê e lê. A comunicação mediada pela tecnologia pode potenciar equívocos e mal-entendidos porque não é presencial.

“Esta comunicação mediada também tende a impedir-nos de ver o efeito da mesma nos nossos interlocutores, que, muitas vezes, nem sabemos quem são, e tal pode funcionar como um desinibidor que nos leva a dizer e a fazer coisas que presencialmente não diríamos ou não faríamos”, sublinha o fundador de MiudosSegurosNa.Net.

Sara R. Oliveira

Artigo originalmente publicado no Educare.pt

Artigos relacionados

Jogos para a praia
Pais e Filhos

Jogos para a praia

Armanda Zenhas

Hiperatividade: o que podem fazer os pais?
Pais e Filhos

Hiperatividade: o que podem fazer os pais?

Adriana Campos

Como será para uma criança crescer sozinha?
Pais e Filhos

Como será para uma criança crescer sozinha?

Adriana Campos

Ser pai no século XXI
Pais e Filhos

Ser pai no século XXI

Educare

Voltar aos artigos
To Top