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A dor abdominal recorrente (DAR) é uma dor abdominal suficientemente forte que interfere nas atividades da vida diária e que ocorre pelo menos 3 vezes num período não inferior a 3 meses consecutivos, sem estar associada a uma doença grave.
A DAR afeta cerca de 15% das crianças e é mais frequente no sexo feminino.
A sua prevalência tem vindo a aumentar mas raramente está associada a uma doença orgânica.
A DAR é multifatorial. Mais, frequentemente, é funcional, ou seja, é uma dor com sinais e sintomas gastrointestinais. Esta dor pode ser dividida em dispepsia funcional, síndrome do intestino irritável, enxaqueca abdominal ou síndrome abdominal funcional.
Pode também ser psicológica ou muito raramente orgânica, estando associada a algumas doenças, como por exemplo, doença de Crohn, doença celíaca ou refluxo gastro-esofágico.
Consoante a causa da dor, os sintomas são diferentes.
Se se tratar de uma causa psicossomática, a dor surge associada a fatores desencadeantes, nomeadamente na escola ou mesmo alguma situação familiar traumática.
No caso de dispepsia funcional, a dor é tipicamente de “estômago”, surge enfartamento, arrotar (eructações) frequente ou enjoos e vómitos.
Por outro lado, a dor abdominal pode estar associada quer a diarreia, quer a obstipação e usualmente é uma dor que alivia com dejeção. Neste caso, trata-se de uma síndrome de intestino irritável.
A enxaqueca abdominal implica a presença de dor abdominal peri-umbilical intensa com duração de pelo menos 1 hora, interferindo nas atividades de vida diária e está associada a outros sintomas como perda de apetite, enjoos, vómitos ou dor de cabeça. Não é constante e pode haver períodos de semanas a meses livres de dor.
A dor /síndrome abdominal funcional, manifesta-se como uma dor contínua ou episódica, ocorrendo pelo menos 1 vez por semana, pelo menos nos 2 meses prévios ao diagnóstico e sem critérios para as outras causas da dor funcional.
Os pais devem estar particularmente atentos à presença dos seguintes sinais e sintomas de alarme:
Se algum destes sintomas estiver presente, deve recorrer-se a um médico uma vez que pode tratar-se de uma doença orgânica.
O tratamento varia consoante a causa.
Se for uma doença orgânica, o tratamento deve ser orientado pelo especialista.
Se for psicossomática, os pais podem procurar terapias comportamentais ou mesmo atividades extra-curriculares (como exercício, pintura, entre outros) de modo a diminuir o stress e a ansiedade da criança, melhorando a dor.
Se for funcional, o tratamento é multifatorial e inclui medidas psicossociais (distrações, técnicas de relaxamento muscular, apoio com psicólogo). O tratamento farmacológico deve ser realizado apenas por indicação médica e em casos muito selecionados.
No caso de parecer tratar-se de dor abdominal funcional, isto é, dor prolongada sem sinais de alarme, os pais devem começar por fazer um calendário da dor. Este deve incluir localização da dor, se é em cólica ou constante, duração, frequência, altura do dia em que ocorre, fatores agravantes (por exemplo, alguns alimentos) ou aliviantes (por exemplo, medicação analgésica ou defecar) e sintomas associados.
Os pais, neste tipo de dor, têm o papel determinante de manter a criança calma uma vez que isso por si só pode diminuir os episódios e a intensidade da dor.
Se a dor persistir, deve então recorrer ao médico assistente.
A maioria dos casos de dor abdominal com estas características acima referidas, tendem a desaparecer com o tempo e a deixarem de ser preocupação para pais e crianças.
É importante os pais terem uma boa relação com os seus filhos, falarem abertamente do problema e acima de tudo nunca desvalorizarem a dor sentida pelas crianças.
SERVIÇO DE PEDIATRIA DO HOSPITAL DE BRAGA
Este artigo é da autoria da equipa médica do Serviço de Pediatria do Hospital de Braga, instituição certificada pelo Health Quality Service (HQS).
A informação aqui apresentada não substitui a consulta de um médico ou de um profissional especializado.
Sandra Costa
Sofia Brandão Miranda
Joana Vilaça
Gabriela Marques Pereira