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Roupa para o sol

A roupa é uma excelente barreira UV, oferecendo proteção solar simples e prática que, ao contrário dos protetores solares, não diminui durante o dia (a menos que fique molhada).

A radiação solar, nomeadamente a radiação ultravioleta (UV), é indispensável à vida na Terra: regula a temperatura, promove a fotossíntese, temporiza os ritmos biológicos, é responsável pela degradação de toxinas e formação de várias substâncias biologicamente importantes, sendo o melhor exemplo a vitamina D.

Apesar disso, nas últimas décadas, a quantidade de radiação UV que atinge a superfície terrestre tem aumentado muito acima dos limites necessários e seguros, fruto do aumento do buraco do ozono. Este excesso de radiação tem efeitos biológicos importantes e potencialmente perigosos a nível ocular, imunológico e cutâneo, sendo este último de particular importância devido ao maior grau de exposição da pele ao sol e à gravidade das consequências que esta pode acarretar - queimadura, envelhecimento cutâneo, lesões pré-malignas e malignas.

As crianças apresentam-se como um grupo de risco particular, em virtude de uma maior facilidade de queimadura solar, uma menor noção dos riscos e capacidade de adesão a comportamentos protetores. Os comportamentos de prevenção das consequências nefastas da exposição solar têm como principal objetivo evitar a exposição excessiva aos raios UV e a possibilidade de queimadura. A roupa é uma excelente barreira UV, oferecendo proteção solar simples e prática que, ao contrário dos protetores solares, não diminui durante o dia (a menos que fique molhada).

Aconselha-se que crianças com menos de 6 meses não sejam expostas diretamente ao sol e, mesmo após esta idade, devem usar roupa fresca e confortável cobrindo o máximo do corpo possível, usando protetor solar de índice elevado em todas as áreas expostas, chapéus (de preferência de aba larga) e óculos de sol.

Na escolha do tipo de tecido é necessário ter em conta que a proteção contra a radiação UV é tanto maior quanto maior for a densidade do tecido, isto é, quanto mais apertada for a malha. Uma boa forma de aferir o nível de proteção conferido por uma peça é segurar o tecido contra o sol, quanto mais "transparente" for o tecido, menor a proteção conferida e maior a necessidade de outras medidas de proteção.

A maioria dos tecidos de algodão ou com uma mistura de algodão com poliéster providenciam uma boa proteção contra a radiação UV. Os algodões contêm pigmentos especiais que atuam como absorvedores de UV, enquanto os poliésteres refletem a radiação. As cores mais escuras e saturadas (preto, azul, verde ou vermelho-escuro), apesar de se tornarem mais quentes, são mais eficazes do que as mais claras (branco, azul ou verde-claro) em bloquear a passagem da radiação UV. Assim sendo, dever-se-á preferir uma cor mais escura num tecido mais leve, podendo-se optar por uma cor mais clara caso o tecido seja mais denso.

Esta proteção solar diminui de forma importante caso o tecido fique húmido ou se se encontrar esticado ou desgastado.

Atualmente, já se encontra à venda vestuário específico para proteção UV. Este tipo de vestuário é especialmente tratado com determinados compostos absorvedores de UV, que previnem a passagem da radiação, sem alterar as suas características e conforto.

Durante os últimos anos, foi introduzido o conceito de Fator de Proteção Ultravioleta (UPF) como forma de padronizar e "medir" os conselhos dados acima. Em alguns países, os fabricantes incluem este fator nas etiquetas de vestuário permitindo uma comparação rápida. Em Portugal começam agora a aparecer alguns produtos assim rotulados, estando ainda longe de ser o mais frequente. UPF indica a quantidade de radiação UV que é absorvida pela peça de roupa e é o equivalente ao Fator de Proteção Solar (SPF) nos protetores solares.

Quanto maior for o valor de UPF menor é a quantidade de radiação UV que atinge a pele. Por exemplo, um material com um UPF de 20 apenas permite a passagem de 1/20 da radiação UV para a pele, ou seja, o material absorve 95% da radiação deixando passar 5%.

Consideram-se três categorias de proteção UPF:

  1. entre 15 e 24 - boa proteção UV
  2. entre 25 e 39 - muito boa proteção UV
  3. entre 40 e 50 - excelente proteção UV

Roupa com UPF acima de 50 são denominados UPF 50+ mas, no entanto, poderão não oferecer substancialmente mais proteção do que roupa UPF 50. Uma peça de vestuário que tenha um UPF menor que 15 não deverá ser etiquetada como protetora UV. A eficácia deste tipo de vestuário também diminui com o facto de este se encontrar molhado, esticado ou desgastado.

A escolha do vestuário deve ser feita de modo a ser eficaz na proteção contra o calor excessivo, mas também contra as radiações UV, recomendando-se:

  1. Em períodos de temperaturas elevadas, se permanecer a maior parte do dia dentro de edifícios, a atenção deverá centrar-se no efeito protetor contra o calor.
  2. Havendo necessidade de permanecer longos períodos em ambientes exteriores, deverá evitar a exposição direta ao sol, em especial, entre as 11H e as 17H e utilizar protetor solar com índice de proteção elevado (igual ou superior a 30) de duas em duas horas, tendo em consideração as seguintes situações:

    a. Em períodos de temperaturas amenas, a atenção deverá centrar-se no efeito protetor contra a radiação UV;

    b. Em períodos de temperaturas elevadas, deverá procurar conjugar os efeitos protetores contra o calor e contra a radiação UV.

Ricardo Jorge Silva, Interno de Medicina Geral e Familiar, com a colaboração de Teresa Pontes, Pediatra do Serviço de Pediatria do Hospital de Braga

SERVIÇO DE PEDIATRIA DO HOSPITAL DE BRAGA

Este artigo é da autoria da equipa médica do Serviço de Pediatria do Hospital de Braga, instituição certificada pelo Health Quality Service (HQS).

A informação aqui apresentada não substitui a consulta de um médico ou de um profissional especializado.

Artigo originalmente publicado no Educare.pt

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