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"Recentemente foi diagnosticado à minha filha, agora com 11 anos, um défice de atenção com hipoatividade (é mesmo sem hiperatividade!). Daí ter sido diagnosticada tão tardiamente, pois não tinha sintomas dos mais comuns que costumam acompanhar o défice de atenção. Claro que nós, pais, há algum tempo que estamos preocupados com o desempenho dela na escola, mas não duvidámos nem um pouco das suas capacidades, inteligência ou raciocínio, que são excelentes. Simplesmente não consegue organizar a informação e "provar que sabe" corretamente. Gostaria muito de ler proximamente algo sobre esta vertente mais específica: défice de atenção, sem a dita hiperatividade."
Maria João Valente
As crianças com défice de atenção sem hiperatividade passam muitas vezes despercebidas porque, contrariamente às ditas hiperativas, estão frequentemente no seu canto, sem dar muito nas vistas. Os professores habitualmente reconhecem o seu alheamento e, por isso, vão procurando chamá-las à terra. No entanto, sendo a sala de aula um espaço em que múltiplos acontecimentos se sucedem em catadupa, exigindo uma atuação rápida e contínua, estas crianças não são certamente o alvo da atenção permanente do professor. Se a este facto juntarmos a crença de que a atenção é algo que é controlável desde que para isso haja vontade, não sendo a sua ausência percecionada como patológica, então temos todas as condições para que o problema se prolongue, não sendo feito o adequado diagnóstico.
Quais os aspetos a que deverão estar atentos pais e professores, para clarificar se aquela criança, tantas vezes distraída, tem ou não défice de atenção? Note-se que ser detentor deste conhecimento não é algo de importância secundária, até porque este défice, que tantos problemas traz, pode ser minorado mediante a aplicação de terapêutica farmacológica e estratégias de índole comportamental.
A primeira grande questão que se poderá colocar relativamente a uma criança que não consegue permanecer atenta é se haverá fatores que justifiquem esta incapacidade. Existirão problemas familiares dos quais ela não consegue desligar-se? Não dorme o número de horas suficientes (são tantas as crianças que se deitam tardíssimo!)? Para além das dificuldades de atenção existem outras características que diferenciam aquela criança da maioria? Se a resposta a todas estas questões for negativa, então teremos de passar para um outro nível de análise.
Talvez para os professores seja mais fácil responder a uma outra questão muito importante, porque têm mais termo de comparação que os pais. Será que aquela criança sobressai pela incapacidade de estar atenta numa tarefa que exige esforço mental, quando comparada com outras que têm a mesma faixa etária? Os pais preocupados com a dificuldade de atenção dos filhos deverão analisar cuidadosamente esta questão com os professores. Se a resposta for positiva, devemos procurar responder a outras.
A incapacidade para estar atenta é restrita a um contexto ou é algo que se generaliza a outros? Se em casa nada lhe escapa e na escola os professores referem que está sempre na lua, ou vice-versa, então terão de ser equacionadas outras hipóteses que expliquem esta seletividade. Quando a falta de atenção é algo intrínseco, que parece ter nascido com aquela criança, que se evidenciou desde muito cedo, então estaremos mais próximos de um diagnóstico de défice de atenção.
A dificuldade em permanecer atenta é algo que prejudica de forma significativa a vida daquela criança? Note-se que o prejuízo não é apenas em termos académicos, mas muitas vezes generaliza-se a diferentes áreas. Se tal acontece, então este é mais um dado importante para o diagnóstico de défice de atenção.
Resumidamente, se não se encontram fatores de ordem externa que justifiquem a dificuldade de atenção, se é um problema mais acentuado que na maioria das crianças da mesma faixa etária, se é algo intrínseco que se manifesta em diferentes contextos e prejudica de forma acentuada a qualidade de vida da criança e até da família, então provavelmente estamos face a um défice de atenção.
Antunes, N. (2009). Mal-entendidos: Da hiperatividade à síndrome de asperger, da dislexia às perturbações de sono. As respostas que procura. Verso de Kapa.
ADRIANA CAMPOS
Licenciada em Psicologia pela Universidade do Porto, na área da Consulta Psicológica de Jovens e Adultos e mestre em Psicologia Escolar. Detentora da especialidade em Psicologia da Educação e das especialidades avançadas em Necessidades Educativas Especiais e Psicologia Vocacional e de Desenvolvimento da Carreira atribuída pela Ordem dos Psicólogos Portugueses. Atualmente desenvolve a sua atividade profissional no Agrupamento de Escolas do Padrão da Légua em Matosinhos.
A informação aqui apresentada não substitui a consulta de um médico ou de um profissional especializado.
Joana Vilaça
Gabriela Marques Pereira
Ana Luísa de Carvalho e Daniela Araújo
Joana Vilaça