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Hoje em dia, ainda existe um grande desconhecimento relativamente à disfunção de integração sensorial. As primeiras descobertas ocorreram nos anos 70, quando a pesquisadora americana A. Jean Ayres, ao estudar o funcionamento cerebral, constatou que nas crianças diferentes podem-se encontrar também cérebros ligeiramente diferentes. A investigadora verificou que algumas crianças, apesar de apresentarem sistemas sensoriais intactos e de estes captarem a informação vinda do exterior, não conseguiam cruzar essas informações a nível cerebral. O processamento inadequado de informação sensorial, que pode gerar dificuldades de aprendizagem, problemas motores e dificuldades no desempenho diário, designa-se de disfunção de integração sensorial. Crianças com esta disfunção, apesar de serem inteligentes, não são capazes de ter um nível de realização de acordo com o potencial intelectual que possuem.
Existem vários sinais que podem ser indicadores da existência de uma disfunção da integração sensorial, nomeadamente: pouca ou muita sensibilidade ao toque, ao movimento, a estímulos visuais e auditivos; problemas de coordenação motora e equilíbrio; excesso de atividade ou lentidão; comportamento impulsivo ou dispersivo; atraso na fala e linguagem; baixo rendimento escolar; dificuldade para planear movimentos e estabelecer uma sequência de tarefas; falta de força e tónus muscular; dificuldade para se ajustar a situações novas e baixa autoestima. Estas dificuldades são notórias em diferentes contextos e não precisam de estar todas presentes para ser feito o diagnóstico.
Quando efetivamente a criança apresenta esta disfunção, é importante recorrer à terapia de integração sensorial. As crianças geralmente aderem muito bem a este tipo de terapia, pois é muito divertida, uma vez que decorre num ambiente clínico lúdico e recorre a equipamentos de que as crianças habitualmente gostam muito, nomeadamente, bolas de diferentes tamanhos, almofadões, uma grande variedade de brinquedos, entre outros. Antes de iniciar a terapia, é feita uma avaliação para detetar os problemas e definir o programa de intervenção. Este programa é delineado por forma a que as atividades a desenvolver com a criança consigam proporcionar desafios adequados, estimulando o desenvolvimento e melhorando o seu desempenho funcional.
Este tipo de intervenção é desenvolvido por terapeutas ocupacionais, com especialização nesta área. Estes profissionais, para além de promoverem o desenvolvimento de atividades que estimulam uma melhor integração sensorial, fornecem à família sugestões que vão no mesmo sentido.
O que é mais difícil, por vezes, é chegar ao diagnóstico. Quando tal acontece, pode considerar-se que já foi dado o primeiro grande passo, que poderá, com o devido acompanhamento, conduzir a uma boa evolução.
ADRIANA CAMPOS
Licenciada em Psicologia pela Universidade do Porto, na área da Consulta Psicológica de Jovens e Adultos e mestre em Psicologia Escolar. Detentora da especialidade em Psicologia da Educação e das especialidades avançadas em Necessidades Educativas Especiais e Psicologia Vocacional e de Desenvolvimento da Carreira atribuída pela Ordem dos Psicólogos Portugueses. Atualmente desenvolve a sua atividade profissional no Agrupamento de Escolas do Padrão da Légua em Matosinhos.
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